terça-feira, 21 de setembro de 2010

E la Nave Va

Pouquíssimas coisas nos restarão _ lembrancinhas,odores,recortes amarelecidos,rasgados.
Portanto ,desde já, tenho um baú aos pés da cama.Pretendo guardar o que me agrada.
A tralha midiática,desinformativa do dia-a-dia,deixo aos feirantes que embrulham abacaxis,pepinos,tomates.Não me interessam mais.Tenho decalques,figurinhas e uns ingressos esmaecidos_
O filme La Nave Va de Federico Fellini,me acompanhará como impactante lembrança.
E me refiro particularmente à duas cenas.Direi apenas de uma _
Um gigantesco hipopótamo no porão de um navio,como uma baleia tonta recém chegada numa praia rasa.
Aparecia o diretor,Fellini em pessoa,e explicava _ "Ele está enamorado"... E a melodia de seu italiano não precisaria de tradução.
O lamento adocicado,suave,melancólico,nos dizia do"Que se há de fazer",a doce dor que deve ser deixada em paz,caramelizada,gorda,confeitada,excessiva,sem praticidade alguma _pesada,dinossáurica.
Ainda o tom sépia da película emoldurava com um anacronismo que deve mesmo ser aquela a cor da alma.

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