Gliese 581

Este é o nome do novo planeta descoberto.Tem as condições climáticas iguais às da terra,e ainda melhor_
Nem muito frio,nem muito calor,é morno.Morninho,tépido.
Cálido planetinha,é para lá que focarei meus sonhos quando me aborrecer de vez com a feiúra cotidiana,os arquitetos medonhos,e as manchetes idiotas.Bye,bye,enjoadinhos,estarei lá,além do horizonte.
Muito bem,esta é uma notícia para se comemorar.Não estamos sós,temos primos distantes,certamente.Façamos um grande convescote. E aos empedernidos,aos céticos, as palavras de Jesus Cristo_"A casa de meu pai tem muitas moradas"ou além_
"Alguém me avisou prá pisar neste chão devagarinho"(verso de Dona Ivone Lara,de quem gosto muito).
Será o fim dos vaidosos.

O Bicho Papão

Repetidas vêzes lembro de historinhas familiares;as miúdas,desimportantes.
E me vem à tona a estória do sapo.
Uma bela noite,minha mãe dormiu mal_
Imaginou um sapo cascudo embaixo da cama.
Corajosa e equilibrada como era,tentou adormecer,mas não foi possível.
Pela manhã,rendeu-se_
Decidiu,a contra gosto, que deveria espiar embaixo da cama.
E verde em folha,lá estava o fugitivo do jardim,ele em bola e papo_
O verde musgo sapão.
Pois hoje não quis sair de casa logo cedo.O habitual e inocente café da manhã no clube , me pareceu uma aventura tão arriscada quanto andar de avião.Não queria ir.E o que fiz ?Insisti,contrariando minha natureza animal.
E me deparei,na bucólica ruazinha,com carros voando na contra- mão.Custei a entender que não se tratava de folgados.
Um arrastão na rua ao lado era a triste realidade.

O Sebrae na ilha

Com a notícia de que sua economia está esfacelada,o que resta ao porvir dos cubanos?Uma revolução.E uma revolução de alavancagem da economia informal que propiciará uma rede de novos empreendedores,os novos cubanos,felizes com a bandeira do Sebrae no topo da economia doméstica.Viva o Sebrae!Adiante,Cuba!

Zaz - Je Veux

Carta do dia

O candidato José Serra canta o hino nacional(...)Dos filhos deste solo és mãe gentil!(...) e propaga_Vamos lá ,mulheres!
Dilma Roussef poderia fazer o mesmo.O que se conclui?
Que J.S. quer ser Dilma quando crescer.Amanhã,só ontem.
Moral da história:Quem desdenha quer também.
Annie!Já passa de meio-dia!Calma,Bat,lembro agora da música da Betânia_(...)Solta as unhas do meu coração,que ele anda a bater disparado quando chega o verão...
(Já que a primavera não apareceu,que entre o verão,com seus "ventos de sôfrega mocidade"(verso do Manoel Bandeira),portanto,já estamos em Dezembro).

Esperava mais

Da primavera;chove,e a revoada de flores,ainda não vi.Só umas folhinhas voando,apressadinhas,fugindo do vento.E Bat reclamando da pauta.Basta de confissões,Annie!Só sabe dizer isto.Somos mesmo incompatíveis.Continuarei.
E hoje temos meu primeiro versinho,fi-lo porque qui-lo, assim que fui alfabetizada,na enchente de 66_

Chuva vai,chuva vem,
Chuva,deixa o meu bem.
Chuva irriquieta,chuva que bate na lata
Lá fora...
Chuva vai,chuva vem,
Chuva,deixa o meu bem.

Irmãos Coragem

Havia uma sopa fumegante na hora da novela.Detestava sopa,mas a música da fita diária ,adorava.Irmãos,é preciso coragem,irmãos,já é sol já é hora,acho que era isso.Depois acho que veio o Geraldo Vandré,(...)quem sabe faz a hora não espera acontecer(...).
Nesta ordem,não sei bem.
E lembro da cena do garimpeiro urrando quando achou o diamante;como se pode ter sono sossegado depois daquilo?Nunca mais.
Hoje cedo,soube que há pouco uma esmeralda de 360 kg foi achada na Bahia.E vendida a preço de cascalho.O judiciário intervém,está na América,disputada a tapas.
Ainda por cima,foi submersa por causa do último furacão_um desses castigos bíblicos,metafóricos,com que Deus premia os americanos inocentes,coitados.
Pois a pedra veio à tona, ainda mais linda ,de alma lavada.Pobre pedra,gigantesca,negra,com uns chifres verde-garrafa.Uma esmeralda olímpica.
Se fosse minha,faria uma doação.Colocaria-na próxima à KAABA,o mistério islâmico que abriga um meteorito divino.E faria com que os povos admirassem seu peso em verde deslumbrante_ a cor do profeta,a cor do sagrado.
Inefável alumbramento.Merece ser deixada em paz,sob véus.

O Espião que Veio do Gêlo,A Volta

Repetidas vêzes mamãe nos acordava com amassos no edredon_"Um pouquinho de Lobo LULU".E o tal lobo parecia que preparava uma massa de pastel.
Nunca soube a origem disso.Quem foi Lobo LULU?Nunca perguntei.Mas ensinei à minha filha,e raramente,quando quer ser muito boazinha,Mari me acorda com um pouquinho de Lobo LULU.
Em minha casa da infância,que continua igual até hoje,lar,doce lar,havia e ainda há objetos de que se diz:_ Vieram da França.
Existe uma Paris mítica,um sul, uma Normandia idem.E assim permanece,lendária.Somos MAUREY,embora este nome tenha sido banido pois minha avó insistiu em visitar,passar férias,na lua -de- mel de meus pais.
Pois bem,gosto muito da tv5,já falei disso noutro dia,e repito.
E lá passou um documentário de uma estudante de moda.A brava moça ,com louvor,tornou-se uma reformadora de antigos casacos de pele.A onda políticamente correta de não matar animais para o fabrico de artefatos,foi respeitada.Tratava-se do retorno de velhas peles esquecidas no porão.Ou sotão.Ou baú.Ou em fotografias afetivas,amorosas.
Das estações de esqui, de onde ela se mirou para suas coleções,explicou ,por exemplo, que as belas esquiadoras,costumam procurá-la e pedir_Gostaria de um casaco assim...como...LULU LOUP.
Peguei!

Eleições

Com o indicador e o polegar,formando uma delicada pinça,toc,toc,toc,Bat fazia sua bengala parecer de borracha,encostando e erguendoa-a initerruptamente do assoalho.
Annie,sua pressa me incomoda.Os parágrafos,aonde anda a lógica dos parágrafos?Você saltita entre os assuntos sem a menor consideração com o bom senso gramatical.Quem te viu,quem te vê.Contratarei um revisor,e aí, adeus liberdade de expressão.Adeus.
Bat,argumentei com uma tranquilidade dos que de antemão sabem ter explicações tocantes_o lap-top da Senhora Liane quebrou.Aquele biscoito fino da Positivo,é de uma fragilidade de querubin,de empadinha.Um mil folhas da Cavé.Portanto,não há mais.Se ligamos para a oficina ,nos lembram monótonamente que falta a placa mãe.O que haveremos de providenciar?Fichas,fichinhas a peso de ouro,na loja do português da esquina.Hóstias que se dissolvem numa rapidez impressionante.Vertiginosas e iverossímeis como um taxímetro Arpoador_Tom Jobim.
E então Bat,vem o fôlego entrecortado, e os parágrafos que se arrumem depois."Tu te inquietas por tão pouco".(Estamos agora na Bíblia).Pense bem!
Annie,esqueces do fundamental,do nosso compromisso primeiro.Presta atençâo:Bat Masterson,você e eu_tudo pelo leitor.

Mas se de repente chover,não vou

Gostava do Arnaldo Jabor.Ou melhor,li certa vêz um artigo na Folha de São Paulo e gostei.A partir daí,não parou de cair.De queda em queda,não gosto mais do Arnaldo Jabor.
Ontem,numa entrevista,anunciou seu próximo filme _ estréia dia 29,A Suprema Felicidade.
Inspirou-se em Fellini,muito bem,mas não admitiu.Só uma vaga influência.
Não é não,copiou o quanto pode.Esforçou-se ao máximo para que todos não tivessem dúvidas_(...) Oh,Jabor!... Um Fellini tipo assim um coqueiro que dá coco!Coisa nossa.
Certa ocasião,um conhecido,nascido e criado no bucólico bairro da Urca,coleguinha de esquina de A.J.,comentou seu passatempo preferido,(dos dois) _ gargantear que leu isto e aquilo mas só ler a orelha do livro.Nunca mais esqueci,e só consigo pensá-lo assim _ um orelhinha.
E na entrevista de ontem me veio a comparação derradeira _ lembrou-me Flávio Cavalcanti,o rei da televisão brasileira.
Annie,basta!(Foi Bat quem saturou-se).Não é possível,não resta um!Ame,Annie,ame!Só o amor constrói para a eternidade.
Sim,sim,concordei,já humilde e distraída como de hábito.Vamos ao cinema,não podemos perder a suprema liberdade.Disse que sim,que ia sim.

E la Nave Va

Pouquíssimas coisas nos restarão _ lembrancinhas,odores,recortes amarelecidos,rasgados.
Portanto ,desde já, tenho um baú aos pés da cama.Pretendo guardar o que me agrada.
A tralha midiática,desinformativa do dia-a-dia,deixo aos feirantes que embrulham abacaxis,pepinos,tomates.Não me interessam mais.Tenho decalques,figurinhas e uns ingressos esmaecidos_
O filme La Nave Va de Federico Fellini,me acompanhará como impactante lembrança.
E me refiro particularmente à duas cenas.Direi apenas de uma _
Um gigantesco hipopótamo no porão de um navio,como uma baleia tonta recém chegada numa praia rasa.
Aparecia o diretor,Fellini em pessoa,e explicava _ "Ele está enamorado"... E a melodia de seu italiano não precisaria de tradução.
O lamento adocicado,suave,melancólico,nos dizia do"Que se há de fazer",a doce dor que deve ser deixada em paz,caramelizada,gorda,confeitada,excessiva,sem praticidade alguma _pesada,dinossáurica.
Ainda o tom sépia da película emoldurava com um anacronismo que deve mesmo ser aquela a cor da alma.

Regabofe

Em 1910,um grande jantar agitou renomado hotel parisiense.E cem anos depois,o que acontece?
No mesmo local, repetem ponto por ponto,ou melhor,petit-pois exatos,idênticos_
o cardápio,sem tirar nem pôr,a título comemorativo.
Passo todos os dias na porta de Roberta Sudbrack,quero dizer,no restaurante que leva seu nome.E nada,nem um papo de anjo me despertaria o interesse de entrar.Por que?
Sim,me pergunto porquê.Não tenho apelo gustativo,o que se há de fazer.Sei que lançou um livro de comida para cachorro.Mas nem assim desperta minha simpatia.Cozinheira de Brasília.E continuei impassível.
Insisti, cá comigo, pensei em convidar as crianças e um ou outro amiguinho.Desisti.
Num programa vespertino,apresentou-se a cozinha de R.S._
Observei num canto várias estatuetas de santos,inclusive um preto velho e um copo d'água.Nada tenho contra temas religiosos.Ao contrário,tirando as comidas rituais,aprecio-os muito.
Mas o pitoresco não ficou nisso.
Mais adiante Roberta sorriu.Gargalhou.E pasmem_Não tinha dentes na fileira de trás.Não vou mais.A saúde bucal é tudo. Açúcar em excesso provoca cáries.Não entro.
Prefiro pastilhas Valda.
Seu farmacêutico responsável, inclusive, estendeu seus interesses ao ramo confeiteiro.Não me arrisco com novidades.As pastilhas foram criadas em 1902.

Agora vou mudar minha conduta

Disse ao Bat_política nunca mais,não quero saber,acabou.Breve passageira,fui eu.Fim,adeus.Nenhuma saudade,apelos,desistam.
O presidente faz convicta campanha para a reeleição do governador Sérgio Cabral.E o blog Algúem Me Disse nos conta repetidas vêzes das fanfarronices e absurdos do mesmo.Não duvido do blog,duvido de minha capacidade de flexibar os pontos de vista como fazem os políticos.Rápidamente entendi tudo_Não dá para entender nada,então danem-se todos.
Bat me alertou para o diminuto número de leitores do nosso Bat Masterson.A bem da verdade,nenhum,Annie.Respondi que não me importava.Falarei sozinha,se preciso for.E recitei o poeta português,o saboroso Fernando Pessoa_"Navegar é preciso,viver não é preciso".E unidos,inseparáveis,fomos passear com Margarida.Chuvisca,que bonito é.
E lembrei do canal 100.Sem ninguém.

Ratazão,ratazana,ratazim,ratzinger

Ah,os homens de preto e o chefe do bando.Sacristãos,coroinhas,e o papa-mor.
Hoje, ou ontem ,ou todo santo dia,o Papa nos declara "ambiente saudável nas escolas".
Sim ,cultivemos os meninos em flor.
Coloquei meus filhos em colégios católicos,e se arrependimento matasse,Deus me livre.
Numa certa ocasião,surgiu uma palestra e um palestrante_resumindo,os melhores alunos,o supra sumo da inteligentsia infantil,teria a honra de participar do "Centro Cultural".Pitéu do céu_era tudo do bom e do melhor,um mini paraíso na terra.
De grão em grão,graças à filigranas,à observações minimalistas,os anjos me descortinaram a güela daquilo_
o fim da história era um cinto de pregos amarrado às pernas e chicotadas diuturnas.Um caso de polícia?Não,a prática da Opus Dei,prelazia pessoal do papa,o que significa que só a este deve prestar contas.
Está tudo dominado.E pior,denunciado em ampla bibliografia.

Pio Borges

Annie!Annie!Desde quando você frequenta o noticiário econômico ou político,indagou-me o Bat.Há cerca de dois dias,respondi-lhe de forma exagerada para encerrar a discussão, mas sem faltar muito à verdade,justiça seja feita.Nesses assuntos tenho a profundidade de um dedal,porém nada me impede de ter rasgos intuitivos e acertar na mosca.E disso me vangloriava,para exaustão do Bat.
Lembrei-me então de uma fábula contada repetidas vêzes pela minha mãe:
"Num certa corte, de um bondoso rei,muitos problemas o afligiam e a gota d'água teria sido um quadro ,pintado a peso de ouro para ilustrar a família real-
Os sapatos saíram horríveis.Então, o humilde sapateiro do castelo foi chamado a opinar e o resultado ficou excelente;o pintor corrigiu a desproporção,ganhando assim a simpatia real.
Convidaram-no depois à outra exposição de arte no salão azul,ou carmim,não importa, e lá, o agora vaidoso artesão, disparou palpites sobre variadas obras.O rei então repreendeu-o:- Sapateiro,não vá além das chinelas".
De qualquer forma,às vêzes podemos enxergar tudo com clareza,simplesmente.Anteontem,ao ligar o canal 40,quem estava sendo entrevistado?Pio Borges,ex-presidente do BNDES.E isto é fato.
Pois o ilustre economista era sabatinado sobre a crise econômica que se abateu sobre a América do Norte,tal peste bíblica,em Setembro de 2008.
E Pio então abriu um pacote de presente:"Foi como no filme O Mágico de OZ_o homem de lata sai do castelo e diz - Não estamos mais no mesmo lugar,o mundo é outro!"...(sic).
Não restou sombra de dúvidas.Grande Pio.

Pio

Minha mãe costumava recitar um verso de Cecília Meirelles para me instruir sobre os malefícios da gula_
"Uma alentada lagarta roeu sua vida inteira
As folhas de uma mangueira
Nunca ficava farta_
A sua fome estupenda causava estragos mortais,
As folhas viravam renda,já não davam sombra mais."
Mônica Serra,segundo o noticiário,teria declarado que o Bolsa-Família incentivaria uma espécie de ócio no charco,um dolce far niente dos miseráveis.
Recordo-me então da época em que frequentava o corujão do Zona Sul com meu amigo Márcio. E explico-me melhor_Fazíamos compras de madrugada no supermercado.Márcio tinha insônia,e seu automóvel com o fundo enferrujado,rendado,exercia um certo encanto de aventura que me divertia.Não resistia a aceitar o passeio pitoresco.Mas o que importa foi o acontecido em horas avançadas,num tempo invernal.
Estava aguardando o amigo entrar no carro,já que daltônico e sem óculos para astigmatismo,escolhia lentamente e de forma cacete.
Num banco ,na porta do mercado,um jovem descalço aguardava nada.
Eu estava de tênis,(tenho pés grandes;não era novo)_
descalcei-os e fui entregar ao rapaz.
E aí então deu-se o diálogo inesquecível.Não me agradeceu.
Me respondeu:_Desculpe.

O poder do ódio

Noutro dia resolvi abrir o coração.Andava casmurra,cinzenta,me sentia mofada.
Me aproximei então de uma simpática senhora matronal,mulher de um esquálido pianista,frequentadores e artistas de um café próximo de casa.
A referida senhora apresentou-se_Gostava de escrever,e sobretudo preferia Bocage.Cujo apelido,lembrei,era O Boca do Inferno.Muito interessante a originalidade da esposa.
Mais adiante confessava-me sua novela de rádio preferida na infância-O Poder do Ódio.Não é nada,não é nada já é alguma coisa para se compor um quadro.E dito e feito.O futuro confirmou minhas suspeitas_nunca mais me aproximei.
Pois hoje,em Manguarape,litoral norte de Alagoas,encontraram nem sei quantas bombas, ainda com poder explosivo intactos,na santa cidadezinha.
Desde os tempos da segunda guerra mundial...Pobre população adormecida ao emabalo das redes pesqueiras,caniços e samburás.Um belo dia e tudo faz sentido.
Com maior estrondo,a França acionou alerta máximo_suspeita de bomba na Tour Eiffel,ao mesmo tempo em que Manguarape.
O motivo?Arrancaram o véu das muçulmanas.Era só o que faltava.
O senado fêz isto,quase por unanimidade,com exceção de um voto,durante o mês sagrado do Ramadã,no qual milhares de crentes e suas famílias jejuam.
Lembro que no versículo da Sura da Alvorada,do nobre Alcorão,se lê_
"Refugio-me no Senhor da Alvorada,
Contra o mal daquilo que ELE criou,
E contra o mal da noite quando entenebrece,
E contra o mal das sopradoras de nós,
E contra o mal do invejoso quando inveja,"...
(Esclarecemos que as bruxas ou feiticeiras tinham por hábito assoprar nos nós de uma corda quando desejavam a realização de encantamentos ou de um mal contra alguém.)
Bat e eu estamos amoladíssimos.A tempestade se aproxima.

Message in a bottle

Gosto de simplicidade absoluta.Só tenho como paixão pedras preciosas e tapeçaria persa,e digo a verdade.
Todo o resto me incomoda,não gosto de penduricalhos.
Uma esmeralda colombiana,por exemplo,um Gabbeh,tapete naïf das tribos do deserto,seriam suficientes para me alimentar o espírito além de uma xícara de café.
Mas talvez ao entardecer a solidão me assombrasse.O que fazer?
Descobri ontem que poderia ter a companhia da discografia de NINO FERRER.Um músico,compositor,franco -italiano, delicioso,dos anos sessenta.
Me diverti muito,(e mais adiante prometo detalhes),com uma música na qual ele enumera uma interminável lista de petiscos,picles,confitures,preparadas pela mamãe para um aprazível pic-nic.
Depois de muito trabalho e sonhos,chove.Il a plu.
E o festim é devorado em casa.Ah,o monótono porto seguro!
Pois Nino Ferrer além de conhecer os exageros maternos,sabia também como tudo desaba mais adiante,possívelmente quando faz bom tempo.
Os mistérios da existência_os caprichos atmosféricos,sabe-se lá onde vão nos levar.
Penso também em Carla Bruni,nas manchetes de hoje,atacada como "devoradora de homens".
Simples primeira dama,apareceu numa festividade, para as mulheres de líderes africanos, vestida quase de chita.Nem um brinquinho,um laçarote,um cordãozinho discreto.Nada.
Levou ao extremo a recomendação que dita a etiqueta, de que a anfitriã não deve ofuscar as convidadas.Ora Carla,nem tanto ao mar nem tanto à terra.
As africanas presentes pareciam posar ao lado de uma normalista em dia de prova_humilde ao extremo.Bocó.

Vai ser,marginal!

Carlos Drumond de Andrade,quando nasceu,costumava recitar que um anjou soprou-lhe_"Vai,Carlos,ser guache na vida".Pois o SEBRAE-RJ pretende o contrário para todos os brasileiros.
Um batalhão de Empreendedores Individuais será o panorama do Brasil do futuro,daqui a pouco.Eis a grande revolução que se avizinha.De maneira rápida,desembaraçada,otimista e juvenil, a nova bandeira alçará milhões de pessoas do desamparo legal e lhes dará a necesária segurança jurídica.
Penso na alegria de Leonel de Moura Brizola,do nosso Darcy Ribeiro ao ouvirem tal notícia.
Por aqui,Oscar Niemeyer há de se alegrar muito.
Pois ontem assisti ao debate dos candidatos à presidência da república.E cada um ouve o que pode da fala dos presidenciáveis.Eu,por exemplo,ouvi muito bem quando a candidata Dilma Roussef discursou sobre a alegria do nascimento de seu neto Gabriel.
Tornara-se mais sensível e um futuro para os jovens e crianças será prioridade em seu governo.
Lembro então que foi o anjo Gabriel quem revelou-se ao profeta Mohammad_ "Deus abençoou-o e à sua Linhagem e os saudou"_no meio do deserto,quando este ,analfabeto,penava.
"LÊ",disse-lhe o anjo.E a partir daí,o pobre guardador de camelos,sob inspiração divina,escreveu o livro sagrado,o ALCORÃO,durante vinte e três anos.
Sim,vinte e três anos para formatar o ISLÃ,a religião do futuro.
E aqui o Bat me interrompe para lembrar da iraniana prestes a ser condenada de maneira bárbara.O Islã não é os radicais,disse ao Bat.
Abriga um livro poético,sagrado, que nos fala de Deus que age para multiplicar os sábios e advertir os detestáveis.
Por fim, quando abri o DIA,fiquei imensamente feliz ao ler a entrevista do superintendente do SEBRAE_RJ
-"Vai ser marginal.Referindo-se à ilegalidade,disse a repórter.

Fatos e Versões

Liguei a Globo News.Um bloco de debates e fofoquinhas chamado Cafézinho no Planalto,se não me engano,capitaneado por Cristiana Lobo,fazia parte do tal Fatos e Versões.Reunindo três atores,contando com ela,com animação orquestrada,choacalhavam o presidente da república.Lula feito bôbo da corte.Nunca ouvi falar de um sujeito que erre tanto e seja tão palhaço.Mas isto é democracia,muito justo.Mete-se o pau em quem nos dá na telha.Vale tudo.Assisti até o fim para ver se melhorava.Não,foi assim até o esgotamento do fôlego do assinante.
Mais adiante, William Waack,entrevistava para o programa Painel três cientistas políticos.Visto de longe,por quem espana ou varre o lixo,parecia que se degladiavam com idéias díspares.Decidi deixar o balde de lado.Prestei atenção.Todos falavam a mesma coisa,se engalfinhavam,para concordarem satisfeitos ao cabo de cada parágrafo.
Nos alertavam para a tomada do poder pelo farsante do tal do LULA.Um sujeito que perdeu várias eleições, inclusive, e só faltava essa,prestes a virar mito.E frisavam_pesquisa não ganha eleição.Tudo pode mudar.Ainda dá,dá,dá,dá,dá.
Observei que eram da USP e Unicamp.Ninho histórico da escória _a doentia Opus Dei.
Felizmente,outra atração.A doce Leila Sterenberger,filha de um conhecido,entrevistando a curadora da mostra ANITA MALFATTI_A musa da Semana de Arte Moderna ,que revolucionou a estética na pintura,em 1922.
Anita,embora criticada pelo querido Monteiro Lobato,justamente por ser tão avant garde,fêz um quadro emblemático do brasileiro de até então_ABAPORU.
Figura disforme ,quiçá pela fome,com uma vegetação de caatinga ao fundo,exposto por ora no Centro Cultural do Banco do Brasil.
Poderia ,quem sabe,ser presenteado ao presidente LULA para que ficasse exposto na sala de lembranças do palácio da Alvorada.

É Hoje

Márcio e eu estamos estremecidos. Reinvidicou o prêmio para si.Dei de ombros.Insiste em dizer que não entende bem o que escrevo.Quanto à condecoração,que entrasse na fila.Estava ocupada com a professora e aulas de francês.
De revisão em revisão...achei graça de responder meu sobrenome quando indagada pelo NOM.Oui,oui,Bravo.
Pois bem, quando li pela manhã o dito NOM do advogado de José Serra ,gelei.Há homônimos,é verdade,mas o monstruoso Malheiros,me assombra como um terror.(Descobri a güela da Opus Dei numa série de acasos que credito à providência divina).E ainda hoje hesito em falar sobre isto.Saímos incólumes,mas foi tudo por um triz.
O que pode sustentar ,validar um ato terrorista?Não encontro recursos para fazê-lo.
O atentado de 11 de Setembro foi tão impressionante que diria que tornou-se ícone do século vinte e um.
Um ódio desencadeado com estiletes,palitos e areia.Nunca mais fomos os mesmos.O presidente negro,Barack Obama,inclusive,foi uma invenção pós- atentado.
Foi preciso um pouco mais do BUXO para a ficha cair.Mas caiu.
Uma propaganda ,de um automóvel último tipo, ainda noutro dia,foi embrulhada em turbantes e paisagem de dunas e camelos.O imaginário popular expandiu-se para o oriente.
A teia desta história é delicada e complexa como de uma viúva negra.Exige um longo contar.
Mas tenho pressa,devo levar Margarida,nossa PET LOVE, para passear.Faz um sol florido.
Só me ocorre dizer que com absoluto respeito à incomensurável tristeza de todos,do ponto de vista plástico,estético,artístico,cinematográfico,foi espetacular.

Ternura,siempre

Os psicopatas,por definição,não se arrependem.E hoje logo cedo, sabe-se pela manchete gordurenta como banha de porco de fucinho enlameado,que o ex-presidente americano,o que não se pronuncia o nome,virá à São Paulo para uma troca de gentilezas.Dará uma palestra,cujo leitmotiv é sua falta de arrependimento por tudo que fêz.Serão quatrocentos empresários agraciados.
Deveriam ter seus nomes execrados em praça pública.Maus elementos.Dize-me com quem andas e dirte-ei quem és. Jesus Cristo nos disse.
Pois bem,noutro dia o Comandante Fidel Castro declarou que se arrepende muito de sua intolerância com os homossexuais no início de seu regime.Arrependia-se e pedia desculpas,errou.
Reviu a política econômica cubana à luz dos tempos de hoje e também celebrou críticas à política iraniana.
Além de se reiventar políticamente,seu organismo também se recria,renova-se,e Fidel fala às multidões ,de pé,como um jovem recém chegado que inicia sua caminhada.
Não é portanto um mumificado,um morto vivo,uma caricatura de si mesmo.Renasce a cada dia,como Vênus, a estrêla guia.

O rei Zulu e o príncipe da Bélgica

Preparei uma merenda e acertei os ponteiros.Fui assistir ao festival de 1967.Preferiria que fosse no ROXY,mas não foi.Paciência,Copacabana é tão feia que melhor mesmo que não passe por lá.É um Deus nos acuda.Necessito de um ambiente propício à concentração.Muito bem,o cinema do Shopping da Gávea também me pareceu medonho.E não gosto do Philippe Starck ,embora ele não tenha nada a ver com isso.Me aborreço com facilidade.
Um filme de João Moreira Salles,poderia ser o melhor do mundo,os recursos são fartos.Mas o resultado é mixuruca.
As entrevistas com Caetano,Gil e Edu Lôbo,naturalistas,não acrescentaram uma dose de felicidade à mostra da belíssima juventude sumarenta,vital,do espetacular e saudoso festival.
Caetano,com barba por fazer,um idoso derrotado pelos percalços da existência,minimizava Alegria,Alegria.
Chico Buarque,deveria ter dedicado boa parte de seu tempo à psicanálise_a constelação familiar meteu-o numa camisa de força.Nunca se livrou disso.Deve ter feito a Banda para o pai.E Sabiá é de uma chatice de galochas.Tanto mar,tanto mar e nem uma terra à vista.Ainda balbucia.Não percebeu que RODA VIVA foi o arauto de seu porvir.
Nosso Gilberto Gil e o posesso Sergio Ricardo,havia me esquecido dele,saíram-se bem.
Gil aproxima-se pouco a pouco da figura de um preto velho.Com o riso de uma criatura confortável em suas circunstâncias.
E o Beto Bom de Bola ainda é engraçado.
Mas o Edu Lobo,ah,Edu,Ponteio é tão linda,que arranjo!E você preocupado em enriquecer,invejoso,vaidoso,tão antipático,que pena,conseguiu sumir...poderia ter feito muito mais.A soberba impediu-o.
E por aí vai,não importa muito.Deixa isso prá lá.Aquela época foi linda demais.
A televisão colorida tem lá suas vantagens.Me delicio com a série sobre castelos na TV5.
E numa entrevista com o príncipe de um castelo belga...quanta simplicidade!
Receitas de batatinhas assadas,o farfalhar das pedrinhas no jardim sob a sola dos sapatos,e a adega com os ratos da casa.Talvez tivesse uns camundongos.A fina flor da realeza está onde menos se espera,simplicité,fraternité,sainté!

Papel de pão

O candidato José Serra é melhor do que parece.Sujeito experiente,com vida pública impecável,e um passado juvenil de coragem e caráter.Mas o que fêz de seus méritos?
Entregou-os a título de obter o paraíso.Como pode um sujeito tão inteligente aceitar uma camisa de força e em pele de tonto dizer frases e se conformar com colocações tão nítidamente formatadas?
Pálido,anêmico,ao lado de Alckimim,balbuciava apoio à grupos religiosos, sem dúvida , no último jornal. Não foi claro,não ousou especificá-los.
Sua voz fininha, chorosa ,quase infantil,num sopro,tentava em vão convencer-se.Até quando,José?
Imagino também que sua campanha ,naturalmente,deve ter contado com recursos milionários.O melhor marqueteiro,o prestidigitador capaz de ondular multidões,vídeos,clipes,canetas Mont Blanc série D'Or,voando como relaxamento nos intervalos dos reclames.Todos de papo cheio,pança satisfeita.
E o que declara o candidato no ULTIMO SEGUNDO?Que todos haveríamos de ter um caderninho de anotações,um bloquinho pueril,simplório que seja. E assoprássemos para os amigos,vizinhanaça e teimosos,seu número,seu voto,sua vida.
Ora,isto equivale a dizer neste tempo derradeiro,ANOTE Aí NEM QUE SEJA NUM PAPEL DE PÃO.

Avenida Calógeras

Liguei para meu amigo Márcio_Então,o que está achando do BAT MASTERSON? Aprecio com moderação,respondeu-me.Queixava-se de falta de clareza.Fui cobrada por mais luz,luz.
Saí da ligação arrasada.Procurei os conselhos do Bat.
Bat,disse-lhe num fio de voz,se os amigos não estão satisfeitos,´precisamos mudar tudo.Aos amigos,lembrei-lhe,um tapete vermelho,toda honra e toda glória,aos inimigos,a correção,não é assim,Bat? Aquiesceu.
Calma,Annie,tudo há de se ajeitar,e me deu as costas.Ficou em silêncio,me deixou falando sozinha.
Bat faz isso,desaparece quando me excedo.E depois sempre concluo que ele tinha razão.
Procurei-o então mais tarde,com uma idéia
_Precisamos pagar uma taxa,um imposto.
Não entendeu mas parecia acima de tudo concordar.Bat é muito honesto.
Esclareci de uma vez por todas_Precisamos tirar o CNPJ!
E instituir um prêmio_-
O SUJEITO BAT MASTERSON do ANO.
Felicíssimos com a claridade do raciocínio,rumamos para a avenida Calógeras,no Centro.Isto foi ontem.
Procurávamos o enderêço,segundo prospectos,do nosso mais legal amigo,aquele que entre bravos se criou.
Queriámos,para dar o pontapé inicial,entregar-lhe o título de BAT MASTERSON HORS CONCOURS.
Mas pasmem, encontramos as grades cerradas até o chão.Na avenida Calógeras só o SENAI_Firjan tinha as venezianas escancaradas.O que fazer?Meia volta?Vou ver,disse a ele.´
Entramos ,não custava nada.
Num salão às moscas,uma máquina de senha parecia inútil paisagem.
Fizemos o que pudemos.Enfiamos no bolso um folheto.
Ali oferecia-se:"Mediação e Gestão de Conflitos"por cerca de quinhentos reais.Bat contou as moedas,não dava.Não tínhamos um tostão completos,essa era a verdade.
Mas demos de ombros.Que mal há em um pouco de lazer,um pouco de mal entendido?Tem dias que a noite é assim,dissemos um para o outro,mais à frente.
E hoje,ao acordar,encontrei a chave definitiva_"O feriado prolongado,antes seja para ti,que me hás de respeitar do que para algum destes aventureiros".
E ouviram do Ipiranga as margens plácidas.
Beijos for all.

Gigogas

Do lodo lentamente acumulado na lagoa,nascem as gigogas,plantas que fecham,tal tapete enganoso o dito cujo manancial;um convite ao afogamento.
Mas nada acontece do dia para a noite,noite e dia,vagarosamente,pouco a pouco,modifica-se a paisagem.Se fosse professora de biologia,ensinaria assim aos meus aluninhos. E alertaria-os _ Não só as gigogas escondem o poço.
Penso então nos ciganos expulsos pelo anãozinho de jardim, o presidente "Bling-Bling", o sonso Sarkozy.Foram mandados para Bulgária.Que se danassem longe do Arco do Triunfo,e mais ainda,que não tivessem futuro,que enfiassem as guitarras no saco.
O gigante pantagruélico que se aproxima não pára por aí.Travestiu-se da TEA PARTY americana,cujo slogan conclama,imaginem,
à liberdade. A deles,naturalmente,para extraírem a seiva alheia.
Pois hoje,leio a manchete do Globão_O canditado José Serra disse que o crime de violação de sigilo está no DNA do PT".E me vem à memória meu primeiro encontro com o inaciano acima de qualquer suspeita ,o DOUTOR PAULO LINS E SILVA, o condecorado com medalhas raras da ordem internacional dos advogados,a me dizer que daria o equivalente a cinquenta reais de hoje,para "TER o imposto de renda do réu"_o pai da minha filha que deveria pagar a pensão acordada.
Disse que tinha "Um despachante que cuidava disso,e não havia problema algum".
Se soubesse o que sei,poderia ter lhe perguntado se agia em nome da Lei.
Pobres moços.

Recruta Zero faz 60 anos

Não gosto particularmente de tirinhas.Prefiro as revistinhas,ou melhor,preferia pois nunca mais li nenhuma.Mas não sei porquê,associo o pobre recruta ao tempo de Seleções.E talvez tenha razão,talvez sejam da mesma cepa.
Certos títulos editados na tal publicação foram de grande valia,disse ao Bat.Me refiro a "Rir é o Melhor Remédio",mas veja,disse-lhe, não pode ser qualquer humor,aquele que explora a desgraça alheia,não contem comigo.
Hoje, por exemplo,no suplemento dominical daquele que não vale uma assinatura,saiu publicado na seção de "Frases para Gargalhar" ou algo assim,não me lembro bem,o dito de um porteiro_Está para subir o INCENSO.
Achei muito triste.Boa educação é tudo.
Margarida,nossa Pet LOVE,só para ilustrar,tem caninos gigantescos,afiadíssimos,capazes de estraçalhar um caprino.Pois eles se transformam em algodão se vou retirar a bola.Brincamos juntas.Incapaz de uma covardia,de uma indelicadeza sequer,o animalzinho,o cordeirinho de Deus.
Mas quero dizer que a originalidade pode ser muito divertida,os neologimos,os deliciosos pleonasmos.
Enquanto tomava meu sagrado café matinal,para mim,a única refeição que conta,e daqui a pouco,no envelhecer,a exclusiva para evitar o maçante trabalho,ouvi dois trabalhadores conversando_E aí,voltou de férias?
Foi ótimo,principalmente prá patroa.
Pois é,mano,tem sacode todo dia,né...

A alegria alheia é cheia de graça.

Ouro de mina

Teu nome será para sempre Manoel,bandeira.Verso de Carlos Drumond de Andrade para o amigo poeta,MANOEL BANDEIRA.
Pois além de muitas doçuras,Manoel Bandeira escreveu MENINOS CARVOEIROS.
As crianças raquíticas,em burrinhos descadeirados na madrugada fria,contentes como se brincassem,empoeirados de negrume.
E paro com vontade de nunca mais e até o fim ,permanecer no acampamento chileno que aguarda o resgate dos homens enclausurados na mina de ouro e carvão.
Hoje saiu uma notícia de uma cobertura vendida por 33 milhões.
Que mal há nisso,me indagou o BAT.Mal nenhum ,respondi.Apenas cato o número 33 como um pesquisador de hieroglifo do deserto.Tudo são papeizinhos divinos.Me explico melhor,estou a cata de sinais místicos.BAT receia que não diga coisa com coisa.Os desígnos de Deus são insondáveis,respondeu-me.
Espere,disse ao BAT, tal bacia de prata voltada para o céu,hei de recolher a poesia divina.E contar para todos da morte e ressurreição dos 33 meninos carvoeiros que cantam o hino nacional. Enquanto iluminam o breu.Avante, Chile.

Mais ainda,Nelson

Disse ao Bat há tempos que no meu mapa astral,a cauda infernal de determinada constelação situava-se no setor Vizinhos,Os irmãos e a Escrita.
Não sei bem o que isto significa,mas quando a vizinhança crônica do terceiro andar mudou-se,pensei, seria temporário,umas férias no campo,um corta-canas sazonal,um convescote de gincana. Mas foi definitivo.Comemorei.
Pois bem,nos idos de 1968,enquanto todos atiravam paralelepípedos,no que se convencionou chamar AS BARRICADAS DO DESEJO,com acento parisiense inclusive,o Nelson,o filho mais velho do terceiro andar,vestiu-se de banlon e poliéster,sapatos de cadarço e solado de borracha, terno e inclusive gravata, severos.Tinha se passado de mala e cuia à TFP.
Até hoje,o Nelson é visto assim,nas redondezas.Ronda ocasionalmente como uma sufocante ameaça de plantão.
Pois bem,ontem,entrei esbaforida num táxi_FORTE DE COPACABANA o mais rápido possível.É no Forte mesmo?Sim,e imediatamente_E silenciosa permaneci até o fim.Não gosto de conversar com estranhos.
Lá pelas tantas,CBN no ar.Muito boa a CBN.Ando ocupada sempre passeando com MARGARIDA,nossa dulcíssima PET LOVE ,caso contrário,seria mais uma ouvinte fiel.Mas não tenho tempo,o mundo cachorro me absorve.
O radialista com voz de pato, entrevistava então com estardalhaço de repórter ESSO, o fura-filas,o fucinha que descobriu tudo que não se pode saber sobre a filha do candidato JOSÉ SERRA.
O sujeito repetia, alto,como um personagem do TEATRINHO TROLL:_ "Eu quero é me arrumar!Vou me dar bem nessa! Só digo quem for por muito dinheiro!"(SIC).
E cheguei em cima do laço,faltando 18 no Forte. E lá fui eu matutando sobre a juventude triturada,recrutada pelos soldadinhos da OPUS DEI.E no triste Nelson, TFP desde criancinha.Cruz credo,pé de pato ,mangalô três vêzes.O dia estava lindo.

Ai,Nelson

Os murmúrios derrubam um quarteirão.Dona Francisquinha,minha belle époque professora de francês,não admitia-os.Ameaçava-nos com zero geral.Era prerrogativa dada a ela pelo Ministério,não entendíamos bem,mas nos garantia.
Mas refiro-me agora aos murmúrios que ouvi num passado recente_Numa palestra patrocinada pelo Jornal do Brasil,a qual compareci com alma pura,sobre o Bric.A futura nova ordem _Brasil,Rússia,Índia e China.
Mas são os murmúrios que importam.E eles se referiam a Nelson Tanure,aquele que num passe Mandrake,fêz desaparecer a Gazeta Marcantil,a editora Peixes,e o nosso JB.
Ai de ti,Nelson.Tão mal falado,quem sabe,tão bem intencionado.
Particularmente,causou-me boa impressão.Corou,inclusive,quando um transtornado da platéia arguiu-o com fúria.E um sujeito que cora,como regra geral,merece minha compaixão.
Folheando aquele que não tem meu tostão,que aqui denominamos O LOBO ,BOBO,espiei de soslaio uma coluneta sobre o teatro de Nelson Rodrigues.
O jornalista pretendia defender que as peças de Nelson não poderiam ser chamadas de "psicológicas"pois seus enredos eram explícitos demais,os personagens não agiam nas sombras ,com sutilezas,tudo se passava sob uma espécie de sol a pino.
Pois bem,se agarrava com certezas absolutas nesta visão.
Mal comparando,pensei cá comigo,o que dizer da tragédia grega,o que dizer do personagem possesso de Sófocles,que arranca os própios olhos ao saber-se marido da mãe?Édipo Rei,só Freud explica.

Rei morto,rei posto

Ao abraçar o Bat,sim,o nosso Bat Masterson tão cordial,tão amigo,tão leal,dos oprimidos defensor,encontrei-o transtornado.Até mesmo,melhor dizendo,lívido.
E parodiando o iniguálavel Nelson Rodrigues_pendia uma baba espessa e bovina,elástica, do canto de sua boca em ferradura_
Fundado em 1891... E NEM UMA ALUSÂO AO PASSADO DE GLÓRIAS NA ÚLTIMA EDIÇÂO DO JB.NADA,NADA.
CONSEGUIRAM REDUZIR O JB A NADA.SEM RESPEITO AOS FATOS PASSADOS,COMO PODE HAVER FUTURO?
Procurei consolá-lo.Bat,disse-lhe suavemente,rei morto,rei posto.Avisaremos a todos, a plenos pulmões:_O BAT MASTERSON ESTÁ NO AR!
E ontem,hoje e sempre,viva o JORNAL do BRASIL!