quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Solidão de três desertos

Fui à pé até o Largo dos Leões. Análise, 17:ooh.
Entrei suando,gestos largos, agressivos, faminta, vital.
Esperava um olhar de iguais,um reconhecimento gordo, suculento, uma sessão até grátis, uma troca de lugares ou um compartilhamento de um pedacinho do divã. Nós duas de mãos- dadas,tirando eventuais dúvidas gramaticais- um ipsilone acrescido,uma trema polvilhada,ou até um h2o a título de erudição citatória.
-Claudia,você viu que comecei a escrever? Foi até o blog? Gostou de alguma coisa?
Afinal,durante anos a fio ouvi_"você devia escrever. Por que você não escreve? Você, eu tenho certeza,precisa descobrir o computador ,você vai adorar..."
Não esqueci de nada. A peso de ouro,calcanhares doendo,lá ia eu ,sempre pontual,arrastando o peso de ancestrais preocupações ,com alguns papeizinhos escritos a caneta Bic.
E hoje, tantos anos e ...nada, não veio nada. Olhou por alto , viu um verso,que já conhecia, sobre o Bradesco,
e em silêncio ficou como um caixa eletrônico metálico, inoperante.
Saí de lá uma triste figura. Fui ao Frontera, pedi preço fixo, enchi um prato de mangas, melancias e pêras ao vinho.Mas não era bem isso. Liguei para meu amigo a cobrar, eu pagaria o táxi ,quase disse que faria qualquer coisa. Não ,não iria me encontrar. Voltei para casa e liguei o Jornal Nacional _ tudo desabando.

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