domingo, 20 de março de 2011

Os Filhos do Capitão Grant


Decidi passar a tarde recostada num banco do Parque Lage lendo um livrinho de Julio Verne, que selecionei com o critério de alcançá-lo enquanto equilibrava bolsa,chave e uma maçã,não com isso desmerecendo o autor, que aliás adoro.
O mesmo não posso dizer do parque,nunca foi meu preferido.Meio sombrio,com mosquitos e um ar de malvadezas num passado não tão distante,habitualmente me afastou.
Ali havia escravos,e,contava meu avô,foram maltratados.Não frequentava então o tal enderêço,muito triste.
Bem ao contrário,o Jardim Botânico,onde passeava embalada desde o carrinho de bebê, e depois onde aprendi a ler e a fazer contas_as expressões do professor Bracet;e mais adiante os deveres e verbos de Dona Francisquinha,esta de francês,com seus elegantes chapeuzinhos, mais inesquecíveis do que sua gramática_sempre foi então o lugar eleito para entrar num estado de tranqüilidade e sonho.
Mas hoje o parque malfalado surpreendeu-me.Chafariz ligado,mosaicos do casarão reconstruídos e uma festividade que me fêz encerrar mais cedo a leitura pretendida_debates sobre projetos culturais a caminho,uma garotada com sede de aprender e fazer a diferença.
Uma efervescência tão bonita,que passeei entre os assentos a lembrar de uma peça que assitira há muito tempo neste parque_Uma montagem de A Tempestade,de Shakespeare,na qual a protagonista,que vivia isolada numa ilha,ao ver chegar visitantes,exclama mais ou menos isto_"Oh,admirável mundo novo,de onde vem estas maravilhosas criaturas?".
Voltei para casa me sentindo mais moderna.Acho que gosto de rap.E graffiti.

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